O início da nossa história.
Em 2015, Luiz Renato Mattos, enquanto ainda era estudante de Administração, leu uma matéria sobre a possível extinção de diversas indústrias até 2020, incluindo a de cartões de crédito e a extinção de carteiras, devido ao avanço dos pagamentos móveis. Ao notar que o único item que não havia sido digitalizado era o cartão de transporte, ele teve a ideia de transformar seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) em um plano de negócios para digitalizar esses cartões e melhorar a experiência dos usuários do transporte público. Após uma proposta dele para a UFSCar e sua orientadora, a universidade aceitou o pedido, e Luiz se formou com seu plano de negócios da ONBOARD, incentivando outros alunos a seguirem caminhos empreendedores.
Um time para fazer
o projeto acontecer.
Luiz queria transformar a forma como as pessoas se relacionam com o transporte público, mas sabia que um plano de negócios não seria suficiente. Em 2015, ele convidou Marcel Cunha, Mestre em Ciência da Computação. Luiz e Marcel se graduaram na Universidade Federal de São Carlos, e em julho de 2015 quando Luiz apresentou a oportunidade, seu amigo estava com um trabalho estável em um centro de inovação e tecnologia, desenvolvendo projetos para Sony e Motorola, tanto no Brasil quanto na Suécia e no Japão. Marcel começou a trabalhar após o expediente, desenvolvendo uma aplicação mobile e tecnologia NFC para validar créditos de transporte. Reconhecendo a necessidade de mais expertise, os dois buscaram um terceiro membro.
Luiz conheceu durante uma viagem, o engenheiro de computação Valter Santiago, que havia desenvolvido um microcontrolador capaz de reconhecer etiquetas NFC. Impressionado, Luiz apresentou o trabalho a Marcel, e juntos convidaram Valter para integrar a equipe. Em novembro de 2015, o time começou a se reunir para desenvolver o projeto. Algum tempo depois, os três sócios começaram a estruturar toda sua equipe de desenvolvedores, engenheiros, designers, gerentes e assim por diante.

Da esquerda para a direita: Marcel Cunha, Valter Santiago e Luiz Renato Mattos (sócios e fundadores)
Fase pré -operacional
Em 2015, os empreendedores da ONBOARD perceberam que precisariam se relacionar com o setor público para digitalizar o Bilhete Único de São Paulo, o maior sistema de transporte público sob pneus do mundo. Eles acreditavam que, ao operar no complexo sistema da capital paulista, ganhariam experiência para atuar em qualquer sistema global. O objetivo era criar um meio de pagamento que integrasse o transporte urbano em escala global.
Para se aproximar do sistema, identificaram o Edital de Concurso de Projetos do MobiLab, um laboratório de mobilidade urbana de São Paulo. Embora a ONBOARD não se encaixasse em nenhuma das categorias do edital, os empreendedores decidiram enviar um e-mail ao Comitê Gestor do Programa para obter mais informações e explorar possíveis oportunidades.

Coworking Mobilab em São Paulo.
Em julho de 2016, a ONBOARD foi selecionada para participar do Programa de Residência do MobiLab, que conectava startups com a Secretaria de Transportes de São Paulo, oferecendo acesso a dados e especialistas públicos para desenvolver soluções em mobilidade urbana. O objetivo da ONBOARD era criar um meio de pagamento alternativo ao Bilhete Único, mas enfrentaram desafios devido à fraude no sistema e uma licitação de R$ 94 milhões para um novo sistema de bilhetagem que nunca foi entregue.
Sem acesso aos protocolos de comunicação, a ONBOARD descobriu o padrão público de segurança CIPURSE nos Editais de Especificação Técnicos dos validadores. A startup, em parceria com a Infineon Technologies, começou a desenvolver sua tecnologia com base nesse padrão. No entanto, ao pressionar a SPTrans para adotar o CIPURSE, foi revelado que o sistema ainda não estava preparado para esse padrão. Embora tenham se reunido com a Montreal, responsável pelo novo sistema de bilhetagem, segundo a empresa, o projeto estava muito atrasado e a implementação do CIPURSE era o último item na escala de prioridades. Como se sabe, o sistema nunca foi entregue.
Segue o trecho da especificação técnica dos equipamentos de bilhetagem da SPTrans. Apesar de trazer a obrigatoriedade dos padrões abertos, nenhum equipamento na época estava preparado para operar com o padrão.

O relacionamento com a Infineon ainda rendeu uma aproximação com a Valid, certificadora Digital que ajudou a ONBOARD na confecção dos cartões OnBoard EMV (Europay, Mastercard and Visa) utilizados na apresentação da ONBOARD no DemoDay Ahead Visa.

No período em questão, a ONBOARD procurou TODAS as empresas de bilhetagem legadas para formar uma parceria na digitalização dos meios de pagamento para o transporte público. O objetivo da ONBOARD não era de concorrer com essas empresas e sim de agregar valor aos serviços já prestados por essas empresas. Mas, as seis empresas de bilhetagem eletrônica não exergaram dessa forma e não constituiram nenhum tipo de relacionamento com a ONBOARD por verem como uma ameaça.

Programa de aceleração Visa.

Em janeiro de 2017, a ONBOARD foi uma das sete startups selecionadas, entre 10 países, para o programa de aceleração Ahead Visa. Embora inicialmente céticos sobre programas de aceleração, devido à abordagem genérica e ao interesse corporativo, os empreendedores decidiram participar por ser um programa específico para Fintechs. Durante o programa, apesar do conteúdo básico, a Visa inseriu a ONBOARD no ecossistema e apresentou o Sistema de Pagamento Brasileiro (SPB). A startup também foi apresentada aos bancos, principais clientes da Visa, que sugeriu que a ONBOARD se posicionasse como uma solução white label. No entanto, os bancos viam a ONBOARD como concorrente, e a Visa, para preservar suas relações, indicou que a startup deveria encontrar um modelo de negócio compatível com os bancos.
Demoday Ahead Visa.
No encerramento do programa de aceleração, a ONBOARD e as outras startups participantes apresentariam suas soluções em uma competição voltada para os principais clientes da Visa e da gestora do programa. A ONBOARD, que havia conquistado importantes marcos, como um Termo de Cooperação Técnico com a SPTrans e parcerias estratégicas, viu que expor essas conquistas em um evento para empresas que a viam como concorrente poderia prejudicar sua vantagem competitiva. Por isso, os empreendedores optaram por não participar do DemoDay, o que era permitido pelo contrato.
No entanto, ao saber dessa decisão, a Visa, que havia sinalizado interesse em realizar investimentos estratégicos na ONBOARD, pressionou os empreendedores, afirmando que desistiria do investimento, acusando-os de "falta de comprometimento" e que "estariam apostando nos cavalos errados". A Visa usou sua influência, e conseguiu, naquele momento, praticar o "Sexo com Gorilas", expressão utilizada por seus diretores para descrever as relações entre grandes corporações e pequenas empresas. Diante dessa pressão, os empreendedores reconsideraram e decidiram participar do DemoDay com o objetivo de vencer a competição.
Pitch
Em uma apresentação histórica marcada pela ousadia e o bom humor a startup roubou a cena e se consagrou com a grande campeã da competição vencendo em todas as categorias sendo elas a "People Choice Awards" e o 1º lugar no programa de aceleração. O tal feito ainda não foi repetido por nenhuma startup e o pitch da ONBOARD tem sido plagiado pela Visa em suas apresentações desde então.

A Visa se beneficiou do Termo de Cooperação Técnico da ONBOARD, associando-se à empresas de bilhetagem legadas (eletrônicas) para um projeto piloto de aceitação de cartões bancários no transporte coletivo de São Paulo. O setor de meios de pagamento está passando por uma transformação, com o mercado de adquirência se tornando uma commodity e a competição reduzindo as margens de lucro, enquanto a hegemonia das bandeiras é ameaçada pela descentralização promovida por carteiras digitais e pelo ecossistema de Pagamentos Instantâneos, respaldado pelo Banco Central.
Fase Operacional.

Sem conseguir implementar seu plano inicial do Bilhete Digital, a ONBOARD decidiu focar na recarga do Bilhete Único em São Paulo para apresentar resultados rapidamente. No entanto, para se credenciar à rede de venda de créditos, precisava demonstrar um Patrimônio Líquido de R$ 1.380.000,00 e uma garantia financeira de R$ 414.000,00, condições que não atendia. Assim, os empreendedores negociaram uma parceria com a PLDevice Tecnologia, a principal rede de venda de créditos do município.
Em dezembro de 2017, as empresas oficializaram a parceria, que já mostrava resultados positivos com a SPTrans. A PLDevice ficou responsável pelo processamento de pagamentos e pelos chargebacks, assumindo os riscos jurídicos e financeiros das operações da ONBOARD. Para aumentar a conversão e construir sua base de clientes, a startup abriu mão de sua comissão nas vendas. Dentre as empresas homologadas, a ONBOARD se destacou por ter um canal de atendimento direto em suas aplicações, garantindo maior proximidade com os clientes.
Chatbot, a inovação através das redes sociais.

Iniciar as operações de recarga foi frustrante para os empreendedores, pois o modelo se baseava em um sistema legado problemático que comprometia a experiência do cliente, mas proporcionou um rico aprendizado. Um mês após o lançamento do aplicativo de recarga em outubro de 2017, notaram que os clientes estavam desinstalando-o. A investigação revelou que a falta de espaço de armazenamento nos smartphones era a causa, enquanto aplicativos de redes sociais continuavam populares.
Diante disso, a ONBOARD viu a oportunidade de desenvolver a solução de recarga em um canal que os clientes já utilizavam, sem a necessidade de baixar um novo aplicativo, optando pelo Facebook Messenger e sua plataforma de chatbots. Como não tinham os conhecimentos técnicos necessários, buscaram empresas especializadas, mas sem recursos para o desenvolvimento, ofereceram a divulgação do case pioneiro como contrapartida. A Smarters, uma empresa de chatbots, se interessou, mas o projeto foi colocado no final da fila de produção devido à falta de retorno financeiro imediato.
Cansados de esperar, Luiz e Marcel decidiram comprar cursos de desenvolvimento de chatbots para criar internamente o robô de respostas automáticas da startup, resultando no Bipay, o primeiro chatbot a utilizar redes sociais e inteligência artificial para atender clientes do transporte coletivo.
Com a solução pronta, a startup solicitou uma reunião com os Secretários de Transporte e Inovação de São Paulo para apresentar o projeto e obter apoio na homologação do robô pela SPTrans. Os Secretários ficaram impressionados com o potencial de inovação, e o Secretário de Transportes anunciou em entrevista que o sistema de transporte público teria recarga por redes sociais em breve.
No entanto, o processo de homologação foi complexo, pois os técnicos da SPTrans enfrentaram dificuldades para entender a proposta, funcionamento e segurança do chatbot, solicitando informações que nem o Facebook tinha. A homologação durou sete meses.
O chatbot representa 10% de todas as recargas realizadas pela ONBOARD Mobility, garantindo visibilidade nacional e servindo como porta de entrada em outros sistemas de transporte. Em março de 2019, o Bipay foi eleito um dos melhores chatbots do Brasil pelo Bots Awards, recebendo menção honrosa do comitê de especialistas, com mais de 110 bots inscritos e quase seis mil votos de pessoas de 19 países.
Essa conquista não apenas beneficiou a ONBOARD, mas também destacou a capacidade dos empreendedores em trabalhar com novas tecnologias, marcando um avanço no relacionamento com os clientes no transporte público.

A recarga do Bilhete Único em São Paulo.
A recarga do Bilhete Único online foi a alternativa que os empreendedores encontraram para colocarem uma solução no mercado e começarem a se tornar conhecidos, se aproximando assim dos clientes do transporte coletivo para validar suas hipóteses e construir uma operação, mesmo que ela ainda fosse deficitária.
Após um ano de operação a recarga de créditos do Bilhete Único confirmou sua inviabilidade. Uma operação deficitária pela diferença entre a taxa do processamento (cartões) e o comissionamento da operação, o alto índice de chargebacks, a antecipação financeira e a concorrência crescente, 17 (dezessete), financiando as recargas o serviço se provou um negócio de aquisição de clientes com recorrência e não de comissionamento.
Todas as 17 (dezessete) soluções de recarga do Bilhete Único de São Paulo online ainda representam apenas 6% (seis por cento) de todos os créditos vendidos no sistema. As práticas de financiamento das recargas para aquisição de clientes não são efetivas, pois além de não serem capazes de fidelizar os clientes elas deseducam o mercado criando uma dependência de promoções em um modelo que já é inviável.
As empresas que querem incorporar as recargas do cartão de transporte estão cometendo outro equívoco, o de acreditar na recorrência. Os clientes que realizam recargas via métodos digitais a fazem aproximadamente uma vez por mês. Para a recorrência ser mais efetiva o embarque no ônibus deveria ser feito através da aplicação da empresa e isso só é possível através da digitalização do bilhete.
Licenciamento - uma fonte
de receita a curto prazo.
Sem perspectivas de implantação do Bilhete Digital e sem resultados financeiros com as recargas, a ONBOARD decidiu licenciar suas soluções para sistemas de transporte como forma de obter receita a curto prazo. Essa estratégia visava estabelecer relacionamentos com operadores de transporte para abrir oportunidades para o Bilhete Digital.
Além de garantir a sobrevivência da empresa com a receita do licenciamento, essa abordagem foi eficaz, permitindo a entrada em sistemas de transporte urbano e rodoviário. A ONBOARD licenciou o sistema de Belo Horizonte, a Região Metropolitana de Belo Horizonte, a Região Metropolitana de Londrina, a empresa de recargas de crédito Kim recargas em Salvador e na Região Metropolitana de Salvador, além de recentemente ter se integrado ao transporte rodoviário com a empresa Gontijo.

Case - Sol, a assistente virtual do Cartão Ótimo.
Após o lançamento do Bipay em abril de 2018, a ONBOARD começou a ser procurada por outros sistemas interessados em replicar sua inovação. O primeiro a buscar a startup foi o consórcio ÓTIMO, responsável pela bilhetagem eletrônica da Região Metropolitana de Belo Horizonte. A relação se fortaleceu quando os empreendedores participaram do Programa de Aceleração SEED e mudaram sua proposta comercial de comissionamento para licenciamento da solução.
No Brasil, um em cada cinco usuários de transporte público tem algum benefício, gerando uma alta demanda por validação e sobrecarregando o atendimento das concessionárias. Em março de 2019, o ÓTIMO lançou a tecnologia da ONBOARD, apresentando o chatbot Sol, que oferecia não apenas recargas, mas também o agendamento de atendimentos presenciais para cadastramento de idosos e pessoas com deficiência.
Em quatro meses, 25% dos agendamentos passaram a ser feitos pela Sol, reduzindo a dependência das centrais telefônicas. Além disso, a página do Consórcio ÓTIMO no Facebook teve um aumento de 31% no número de seguidores e o tempo médio de resposta caiu de um dia para instantâneo.

Bilhete Digital - a transformação
que o transporte precisava.

A forma de interação com o transporte público permanece a mesma há 20 anos, enquanto o setor não acompanhou a transformação digital vivida pela sociedade. Com isso, houve evasão de clientes em busca de alternativas, exceto para as classes C, D e E, que dependem do transporte público e sofrem com o sucateamento do serviço diante da crise cíclica do setor. A ONBOARD entende que a recuperação do transporte público depende de quatro frentes: infraestrutura, políticas de subsídio, recuperação de imagem e transformação digital. A infraestrutura envolve priorizar o transporte coletivo, enquanto políticas de subsídio buscam novos mecanismos de financiamento e políticas públicas que protejam o serviço. A recuperação de imagem visa combater o estigma de que o transporte coletivo é "coisa de pobre", e a transformação digital busca modernizar o setor.
Ter um negócio digital vai muito além de ter um aplicativo. Múltiplos canais de relacionamento, cadastro e atendimento 100% digitais, processos automatizados, desenvolvimento orientado a dados, métodos de pagamento online e serviços orientados a experiência do cliente são só alguns dos elementos de um negócio digital. E em novembro de 2018 a ONBOARD começou a trabalhar em um hardware, que viria a ser parte que faltava de sua solução para resolver os desafios da transformação digital do setor e uma resposta as barreiras mercadológicas impostas pelas fornecedoras de Bilhetagem.
A ONBOARD propõe atuar começando pela transformação digital, que é prejudicada pela dependência dos fornecedores de bilhetagem e seus validadores. Esse modelo de negócio encarece serviços e limita inovações, gerando atraso tecnológico e desgaste entre operadores de transporte e fornecedores. Embora a startup nunca tenha planejado desenvolver hardware, operadores de transporte passaram a buscar a ONBOARD em busca de alternativas de bilhetagem que lhes proporcionassem independência. Apesar de nunca ter sido do interesse da startup desenvolver hardware, a frase de Alan Kay, pai do notebook sintetiza toda experiência da ONBOARD neste mercado.
“Pessoas que realmente levam a sério software deveriam fazer seu próprio hardware”.
Alan Key
Digital x Eletrônica

DISTINÇÃO DE CONCEITOS: BILHETAGEM ELETRÔNICA x BILHETAGEM DIGITAL
Para compreender os aspectos de segurança aplicados na solução de bilhetagem, é fundamental compreender as diferenças técnicas e conceituais dos principais modelos de bilhetagem presentes atualmente no país. Sendo eles a bilhetagem eletrônica e a Bilhetagem Digital.
1.1 BILHETAGEM ELETRÔNICA
O sistema de bilhetagem eletrônica é responsável pelo pagamento e administração das passagens no transporte público, ou seja, o processo de emissão, venda e compra de créditos/passes para acesso aos transportes de maneira eletrônica, substituindo os bilhetes de papel e o dinheiro a bordo.
O sistema de bilhetagem eletrônica compreende cartões, validadores e todo o sistema necessário para seu funcionamento. No caso, os validadores são aquelas máquinas onde são encostados os cartões, além de todo sistema que compõe essa tecnologia.
A implantação da bilhetagem eletrônica no Brasil teve início na década de 1990 e, hoje, segundo dados da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos - NTU, está presente em mais de 80% das cidades com transporte público. No entanto, após tantos anos de sua concepção, seu modelo enfrenta grandes desafios.
A bilhetagem eletrônica, apesar de trazer diversos benefícios para o transporte público ao longo dos últimos anos, também se tornou alvo de fraudes, causando prejuízos para operadores, governos e, principalmente, para os passageiros que não fazem uso desse tipo de contravenção.
Dentre as principais fraudes conhecidas e praticadas contra o atual modelo de bilhetagem eletrônica é possível citar:
Cartões clonados ou falsificados: Cópias ilegais de cartões válidos são utilizadas para realizar viagens sem o pagamento da tarifa.
Uso indevido de cartões de gratuidade ou meia-passagem: Pessoas que não possuem direito a esses benefícios os utilizam de forma fraudulenta.
Manipulação do saldo do cartão: Alteração do saldo do cartão através de softwares ou equipamentos, permitindo viagens com valor reduzido ou indevido.
Violação de dados: Acessos não autorizados ao sistema de bilhetagem para obter dados de cartões ou alterar informações.
Venda de créditos falsos: Comercialização de créditos para cartões com valores abaixo do real, causando prejuízo ao operador e ao passageiro que compra.
Por ser uma tecnologia do milênio passado, o tempo e a evolução tecnológica não acompanhada pela bilhetagem eletrônica, expuseram as vulnerabilidade dessa bilhetagem e seu modelo, oportunizando os tipos de fraudes descritos acima.
Para compreender essas vulnerabilidades e adotar um sistema mais resiliente, é necessário compreender a arquitetura da bilhetagem eletrônica.
O sistema de bilhetagem eletrônica está orientado ao cartão (“mídia”), o que implica que informações, tais como, mas sem se limitar a, créditos (“saldo”), políticas tarifárias, dados pessoais (“ID”) e histórico de viagens, estão gravadas fisicamente nos cartões. Além disso, a comercialização de créditos depende da criação e distribuição dos créditos em um modelo similar a operação de uma Casa da Moeda de moeda fiduciária, ou seja, sem lastro intrínseco.
A concentração de informações sensíveis como com saldo e políticas tarifárias gravadas fisicamente nas mídias, somada ao modelo de criação e distribuição de créditos fiduciários, cria as condições ideais para as fraudes expostas acima.
1.2 BILHETAGEM DIGITAL
A Bilhetagem Digital é uma marca e conceito que, assim como a bilhetagem eletrônica, compreende soluções de hardware e softwares.
Dentre os diferenciais, destaca-se que apenas a Bilhetagem Digital oferece um sistema 100% ABT - Account Based Ticketing, também conhecida como bilhetagem baseada em contas, sendo a única a integrar ao sistema ABT os recursos e funcionalidades descritas a seguir (“Solução”).
O ABT é uma forma nova e promissora de emissão e aceitação de bilhetes físicos e digitais. Diferente dos esquemas tradicionais baseados em cartão para cobrança de tarifas, em sistemas ABT, a maior parte da inteligência do sistema está localizada no backoffice (“retaguarda”), e não nas mídias e terminais de validação (“validadores”). No sistema ABT, todo usuário possui uma conta no sistema, similar a uma conta bancária. Os recursos (“saldo”) ficam disponíveis no servidor e não mais gravados fisicamente nas mídias, que passam a ser apenas um identificador (“credencial”) dos usuários. Dentre as principais características que tangibiliza a diferença deste modelo para a bilhetagem eletrônica é possível citar:
a) centralização, custódia e registro dos recursos no backoffice e não nas mídias físicas, mitigando os riscos de fraude na geração e aceitação de recursos que não tem lastro com a operação e sua arrecadação;
b) convergência de mídias para uma conta, ou seja, uma única conta de um usuário pode ter inúmeras mídias associadas a ela, consumindo um saldo em comum e suscetível ou não as mesmas parametrizações e regras de negócio;
c) Políticas tarifárias valoradas ou não valoradas em uma mesma mídia, não havendo a necessidade de se ter mídias distintas para diferentes políticas tarifárias;
d) Interoperabilidade com outros provedores de mobilidade, sem que os outros provedores possuam um terminal de leitura e validação da mídia, a integração se dá por meio de APIs e permitem a utilização de um saldo em comum para pagamento.
Essas características fazem com que a tecnologia de Account Based Ticketing comece a ser empregada no transporte público para solucionar os problemas de fraude apresentados.
Nesse sistema, a mídia física não é a única detentora das informações, se tornando apenas uma credencial de uso. Isso implica que a maior parte das operações transacionais são feitas em backoffice. Ao manter essas operações em backoffice e não no meio físico, como cartões e celulares, o sistema tem um ganho substancial em segurança.
A começar que com o advento da tecnologia ABT, a bilhetagem ganhou o reforço da tokenização. A tokenização corresponde a uma transação com ou sem bilhetes, que permite viagens em transportes usando um token seguro, vinculado a uma conta no backoffice. Além do ganho de segurança, a tecnologia promove a ampliação dos meios de acesso, podendo ser, mas sem se limitar, cartões inteligentes (“smart cards”), celulares (“smartphones”), relógios, pulseiras, chaveiros, QR Codes e cartões bancários.
Um token representa apenas uma garantia de passagem limitada, em tempo e forma de utilização. Assim, caso fraudado, o prejuízo é baixíssimo e extremamente controlado ao sistema ou ao seu emissor.
Fazendo um paralelo com os cartões da bilhetagem eletrônica, em que toda informação fica gravada fisicamente no cartão (como ID, saldo e transações), e por isso todo o esforço gira em torno da criptografia desses cartões. Se um fraudador for bem sucedido na quebra dessa criptografia ou na formatação desses cartões, o benefício é potencialmente maior do que uma única transação que o token possibilita.
Desta forma, o token auxilia a diminuir os riscos por meio do acesso ao armazenamento de informações em uma conta digital, também similar ao modelo adotado por bancos brasileiros, que são referência mundial no tange tecnologia e segurança.
Esse modelo promove um ganho em confiabilidade, pois um sistema ABT e seus tokens comportam muito mais checagens de segurança e mecanismos de diminuição de risco e detecção de fraude, além de vulnerabilidades menores do que os sistemas de bilhetagem eletrônica.
Através desta nova abordagem, o controle sobre os sistemas e suas falhas também se torna muito mais adaptativo e dinâmico. Aliado ainda à possibilidade de utilização de contexto e de tecnologias de vanguarda que serão apresentadas a seguir.
A segurança que se aplica a este novo cenário da Bilhetagem Digital não se limita às mídias. Outra grande diferença de arquitetura entre a bilhetagem eletrônica e a Bilhetagem Digital, que promove o aumento da segurança e a mitigação dos riscos de fraude, é a geração e a custódia centralizada dos créditos com lastro em sua comercialização. Ou seja, os créditos do sistema de transporte público só são gerados (“emitidos”) no sistema quando existe uma operação financeira de compra de créditos. Deste modo, o crédito gerado possui o lastro de uma operação financeira vinculada a ele. Além disso, o crédito emitido é mantido em custódia no sistema, não sendo distribuído para os cartões como é feito na bilhetagem eletrônica, o que elimina a possibilidade de geração e utilização de créditos falsos nas operações.
Além disso, o sistema ABT da ONBOARD permite a interoperabilidade técnica e financeira do Sistemas de transporte públicos com outros provedores de mobilidade, tais como, mas sem limitar, a táxis e transporte por aplicativo. Isso possibilita a criação de convênios entre os Sistemas de Transporte Públicos e esses outros outros provedores de mobilidade a fim de melhorar a experiência do transporte público nas primeiras e últimas milhas, construindo verdadeiramente o primeiro sistema de Mobilidade como Serviço (MaaS) das Américas. Outras oportunidades de negócio geradas pelo ABT serão apresentadas e discutidas no Capítulo do roadmap da ONBOARD.
A Bilhetagem Digital é um movimento em direção à transformação digital que o setor de transportes precisava para se adaptar às constantes transformações impostas pelas evoluções tecnológicas.
Made in Brazil

Motivada a desenvolver sua própria solução de bilhetagem, a ONBOARD sabia que seria necessário desenvolver não apenas o software, mas o hardware também.
Em uma primeira momento o objetivo dos empreendedores não era “reinventar a roda”, uma vez que esse hardware já existia.
Mas como comprar esse hardware no Brasil não seria uma opção, visto que quem vende o hardware também vendia seu próprio software.
Então a equipe começou a tentar desenvolver fornecedores estrangeiros na China, Estados Unidos e França.
No entanto, nas analises feitas pelos empreendedores, eles identificaram os seguintes problemas nesse modelo:
1- Risco da variação cambial: Ao importar um produto estamos muito sucetíveis a variação cambial, ainda mais se tratando de um produto acabado, uma vez que toda precificacao já está não produto e não se tem mais margem para negociação. Nos últimos anos o Brasil viu a maior alta histórica do dólar, provando que a analise dos empreendedores estava correta.
2- Especificação técnica: A especificação técnica desse equipamentos importados não ‘é condizente com a realidade operacional do Brasil. Alguns desses aparelhos tem com especificação operar em ate 50C. Em alguns lugares do país essa é quase a temperatura fora dos ônibus. Outra analise acertada pelos empreendedores diante das crescentes e constantes ondas de calor enfrentadas no pais.
3- Dificuldade e restrição em evoluções tecnológicas: O produto sendo de um terceiro, a ONBOARD estaria limitada aos interesses desse terceiro em evoluir o hardware, o que poderia dificultar a atuação da ONBOARD no atendimento a demandas locais. Ter a autonomia e o controle sobre o projeto e produto permitiria a ONBOARD ser rápida do desenvolvimento e atendimento a demandas locais de seus clientes.
4- Descontinuidade de produto ou fornecimento: Por último, mas não menos importante os empreendedores avaliarem que construir uma solução a partir de um produto (hardware) que não era seu seria muito arriscado, visto que esse fornecedor poderia descontinuar o fornecimento ou ate mesmo produto, deixando o mercado completamente desassistido.
Diante dessas analises os empreendedores acharam mais estratégico desenvolver seu próprio hardware e dominar a cadeia produtiva e de desenvolvimento do seu produto.
Decisão tomada, a ONBOARD começa sua saga para desenvolver parceiros e fornecedores capazes de auxilia-la no desenvolvimento do seu próprio hardware.
A HwIT e sua Infraestrutura de fabricação e manutenção dos equipamentos.
A ONBOARD detém exclusivamente a propriedade intelectual do DBD, o que garante flexibilidade para fabricar os equipamentos em qualquer parte do mundo. A produção é terceirizada, permitindo ajustar a capacidade sem os custos de manter uma fábrica própria. Atualmente, a ONBOARD pode produzir até 2.000 unidades por mês, com um prazo de três meses para a entrega dos componentes eletrônicos.
Após analisar mais de 20 alternativas, a ONBOARD escolheu a HwIT como parceira para o desenvolvimento e produção dos DBDs, devido à sua capacidade técnica e interesse no projeto. Localizada em Paulínia/SP, a HwIT possui 700m² de área produtiva, capaz de industrializar os mais complexos modelos de placas eletrônicas. Com o mesmo maquinário utilizado na fabricação do iPhone, o hardware de maior sucesso comercial e sinônimo de qualidade, a HwIT conta com uma das linhas de fabricação mais modernas do país. Atualmente, a capacidade de produção da Hwit é de até 2.000 unidades por mês, com um prazo de três meses para a entrega dos componentes eletrônicos.

Apesar da parceria estratégica, a ONBOARD detém exclusivamente a propriedade intelectual do DBD, o que garante flexibilidade para fabricar os equipamentos em qualquer parte do mundo. A produção é terceirizada, permitindo ajustar a capacidade sem os custos de manter uma fábrica própria.
DBD.
O Hardware batizado de DBD - Dispositivo de Bilhetagem Digital possui Sistema Operacional Android e é interoperável com qualquer sistema legado diminuindo qualquer tipo de atrito em sua adoção. Além disso, o dispositivo possui GPS, Leitor de QRcode e Leitor MIFARE.
O design do produto foi executado para fortalecer o branding da marca e vice-versa, o pin é a representação da ONBOARD e está se tornando reconhecido em todo território nacional, queremos ser reconhecidos como o Pin da Inovação, o Pin do futuro, o “Pin oneirismo”.
A inspiração para o design foi o próprio logo da marca, replicamos um ícone reconhecido mundialmente por todos, e diante disso:
- Seu formato visual é claro e objetivo, tornando fácil para os usuários identificar sua posição;
- Sistema de iluminação mais eficiente. A mensagem do sistema é facilmente transmitida pelo led que acompanha a silhueta;
- A diferença de altura na posição do leitor QR code e do cartão, assim como a variação nas texturas, deixa mais simples a identificação do local exato pelos passageiros.
- Além de contar com fixação em ônibus e suporte para fixação em catracas.
Linha do tempo DBD e embalagem.


Uma nova marca & mais um
passo para nossa missão.

Com o momento de crescimento do negócio e as novas ideias, surgiu a necessidade de uma reestruturação completa da marca. Uma reestruturação que representasse esse novo momento e potencializasse o valor da empresa a curto e longo prazo. É a mobilidade rumo ao futuro!

A nova identidade visual seguiu a lógica da construção anterior, se inspirando no pin como principal ativo da identidade e o tornando mais claro e dinâmico.
O primeiro dia ONBOARD.
Ao lidar com o setor público sem grandes recursos financeiros, mas com uma incrível capacidade de execução. Mesmo assim, a empresa está apenas começando, tendo criado a infraestrutura necessária para sua operação. O transporte público revelou-se um negócio de aquisição e recorrência de clientes, diferente do modelo de comissionamento inicialmente pensado. Esse setor, essencial para as classes C, D e E, atrai interesse por sua relevância nos pagamentos digitais, sendo protegido por concessões de décadas.
No entanto, os operadores de transporte têm diferentes visões sobre abrir seu sistema para múltiplas opções de pagamento, embora o Vale Transporte, operado pelas ticketeiras, seja unanimemente valorizado pelo floating que proporciona. A ONBOARD percebeu que, para ser competitiva, precisa oferecer uma solução completa e confiável.
Guiada por quatro pilares — infraestrutura, políticas de subsídio, recuperação de imagem e transformação digital —, a ONBOARD busca integrar dados de pagamento com deslocamento, vislumbrando um futuro digital para o transporte público.

É através desses caminhos e com a missão de melhorar a mobilidade que nossa história continua sendo escrita.
Você transforma o transporte
e nós te ajudamos com as
melhores ferramentas.